quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA; DAR VIDA E ESTILO

                                             Ajoó Produções


Osvaldo Óscar Caluanga (Vadinho)

 

Osvaldo Óscar Marques Caluanga, ou simplesmente Ajoó, como é conhecido entre os seus clientes, de 28 anos de idade, natural do município do Amboim, província do Kwanza-sul, no qual marcou os seus primeiros passos naquilo que se tornaria a sua profissão, é alfaiate desde os seus dez anos.

Depois da morte do pai, quando tinha apenas 3 anos, a sua família mudou-se para a capital do país, pois a mãe foi transferida do Kwanza Sul para vir dar aulas em Luanda.

Ao contrário de algumas pessoas que saem do interior do país e passam por grandes dificuldades para se integrarem na cidade, este jovem é técnico médio em ciências sociais, técnico básico de corte e costura pelo MAPESS e um dos alfaiate mais solicitado no Prenda, município da Maianga, em Luanda.

Segundo ele, o mérito deve-se em grande parte à sua mãe que, com o seu jeito de professora, o ensinou a costurar tão cedo, portanto “a passagem pelo MAPESS foi apenas para ter o diploma”, esclarece.

Ajoó, revela que ao longo dos anos foi se especializando em roupas essencialmente viradas para a juventude, particularmente para os adolescentes, como a procura foi crescendo surgiu a necessidade de formarem, ele e o seu irmão mais novo, o Jaime, a marca Ajoó Produções que é a junção dos nomes de ambos, e que funciona como uma empresa.
De facto, dado a dimensão que ganhou, Ajoó produções ensina e emprega também outros jovens que trabalham no corte e costura, sendo que outros são manequins e vão às passerelles exibir as roupas nos desfiles de moda. Esta marca, como ele a classifica também faz mochilas, chapéus, pastas de bolço além dos serviços normais que um alfaiate pode fazer, como “ajustar as roupas, ou ainda personalizar as roupas dos clientes, colocando dizeres, nomes e alguns efeitos especiais nas roupas ”, explica.

O material que usam para fazer os chapéus e as mochilas, mas principalmente os chapéus, por sinal é de qualidade, só depois de muita insistência é que, revelando, qual não foi o nosso espanto quando explicou que o material é proveniente, na sua maior parte, das lixeiras.

Ajoó paga alguns miúdos para irem às lixeiras procurar e escolher os chapéus velhos da industria, lava-os e reaproveita as palas, costurando-as com tecidos novos resultantes de pedaços ou restos de tecidos dos cortes que faz para ajustar as roupas de outros clientes. Portanto, “isto acontece de um jeito que só nós sabemos fazer, combinamos dois ou mais tipos de tecidos numa mesma peça dando outro “look”, próprio e diferente das peças industrializadas. O mesmo acontece com as mochilas porque também faço com o resto de tecidos, pois nunca deito para o lixo”, explica.

De facto, como constatamos, pedaços de tecido que aos olhos de muitos podem ser considerados lixo, são transformados por este jovem num traje elegante para se vestir numa festa ou no local de trabalho.

Como actualmente apenas trabalham para os jovens, a tabela de preços foi criada a pensar neles, então “os chapéus custam 1000 kwanzas, mas as mochila depende muito do tamanho, sendo que os preços começam em 2000 kwanzas”, adianta.

Dado o interesse que algumas pessoas têm manifestado pelas suas criações, Osvaldo e Jaime garantem que até já tiveram o privilégio de confeccionar algumas peças para a cantora Lina Alexandre, o músico Puto Lilás e o Dj Kilamum e, este ano, já foram convidados várias vezes, a participar em desfiles de moda nalgumas escolas do ensino secundário de Luanda, mas “nosso maior desejo é inovar o atelier, adquirir novas máquinas e ter um espaço, tipo uma boutique, onde possamos expor as nossa criações”, remata


Por: Quingila Hebo

CONHEÇA ALGUMAS DAS NOSSAS OBRAS


Muxila

Camisola